quinta-feira, outubro 23, 2008

A lei do mais forte

"A lei do mais forte" era o nome do debate do Aqui e Agora de hoje no Telejornal da SIC. O tema abordado foi o bullying.

Segundo a Wikipédia, bullying é um termo inglês utilizado para descrever actos de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo (bully ou "valentão") ou grupo de indivíduos com o objetivo de intimidar ou agredir outro indivíduo (ou grupo de indivíduos) incapaz(es) de se defender.

Vi esta reportagem (ou parte dela porque não vi do início) e só hoje fiquei a saber o nome daquilo que fui vítima na escola. Aliás, nem tão pouco sabia que aquilo tinha nome, que nem sequer é português.

Talvez o meu não tenha sido muito acentuado em relação ao de algumas pessoas e foi practicamente só a nível psicológico, ainda que também ligado com aspectos fisícos.

O facto de eu ser rechunchuda, feia, não ter roupas de marca ou poucas, não ter uma bicicleta com mudanças (que me teriam dado imenso jeito uma vez que fazia todos os dias 14km para ir e vir da escola), não conseguir ter rendimento suficiente em educação física (ficava sempre à baliza porque era sempre a última a ser escolhida e eu até preferia porque me custava bastante correr, devido a problemas físicos) foram tudo coisas pelas quais fui gozada pelos outros.

Este situação só começou a melhorar já quase no final do secundário, por ser uma aluna que tirava boas/razoáveis notas e os que começavam a aproximar-se de mim, ou eram as minhas 2 amigas ou outras pessoas por interesse (apontamentos, etc.). Ainda assim, eu é que era a anormal, eu é que era a marrona, não eram eles que eram os burros e os preguiçosos, que faltavam às aulas e chumbavam anos a fio e mesmo assim nunca eram ameaçados pelos pais que sairiam da escola ao primeiro ano que chumbassem!

Foi muito mau nesta altura, não tive uma juventude que goste de me recordar, mas não sei como teria sido se não fosse assim. Não me arrependo de ser como sou hoje, de por vezes ser fria, rude, até antipática com pessoas que sofrem de preguiça mental, oportunistas, porque essas pessoas só têm aquilo que merecem e pagam hoje aquilo que me fizeram sofrer em tempos.

Hoje sou eu que estou na mó de cima. Isto é o máximo que o meu trauma pode inflingir às outras pessoas. Não me tornei violenta fisicamente, não fui por maus caminhos, graças à educação que tive, mas consigo tornar-me violenta nas palavras quando é necessário.

Gostava de ouvir manifestações de outras pessoas, porque com certeza, elas andam por aí em mais quantidade do que o que todos nós pensamos.

Para terminar, uma mensagem aos bullies: Tal como eu, algum dia eles hão-de estar na mó de cima. Espero que cá estejam para assistir a isso!

2 comentários:

Ana disse...

Minha querida Nataxxa: não fazia "puto" de ideia que tinhas passado por isto, infelizmente estas merdas acho que sempre estiveram presentes nas escolas, agora é que dão nomes a tudo....
Bom apesar da experiência não ter sido boa, é bom ver que isso te tornou no que és hoje. Repara que não deixaste que isso fizesse de ti uma pessoa má... És duras com as palavras? Olha que se lixe (para não dizer uma asneira), quem não gostar que ponha à beira do prato!?
Eu gosto de ti assim, directa, frontal e que me manda à merda sem rodeios!
Beijinhos grandes e Keep up the good work!

isa_correia disse...

Que post duro...

Cada vez mais este é um assunto preocupante na nossa sociedade, penso que sempre houve situações destas no entanto não eram tão faladas nem tinham um "nome próprio"...

Desde sempre me lembro de haverem estas situações na escola e me custarem... Felizmente nunca fui vitima deste tipo de violência, sim porque mais que discriminação e maldade isto é violência pura. Não pertencia ao grupo mais popular da escola, mas pertencia a um outro grupo também popular e que conheciam os populares, como se dizia na minha altura.
No entanto sempre fui contra este tipo de comportamentos, e quando entrei para a Universidade, apesar de praxar, era sempre aquela veterana que ajudava os caloiros a se ambientarem e muitas vezes tive chatices por não concordar com algumas praxes e ir lá buscar os caloiros...

A primeira vez que pensei seriamente neste assunto foi quando li um livro chamado "19 minutos" que fala sobre este tema... Algumas crianças são "massacradas" psicologicamente e a sociedade não vê ou não quer ver... Penso que ao contrario do que se parece á primeira vista, não é a vitima que tem baixa auto-estima, mas os agressores que tem uma auto-estima de tal forma baixa que necessitam de chamar a atenção para se sentirem acarinhados e se mostrarem...
Todos os louros que conseguem é a custa de maltratar e violentar os outros, mas quando um dia precisam de fazer algo sozinhos não conseguem. Os outros, os marrões, ou totós aprendem que tem de se esforçar para serem melhores noutros campos e no fim são esses que vingam e conseguem ser realmente importantes. :D